HISTORICAMENTE, a vacina é uma das conquistas de relevância mundial depois do acesso à água potável e ao saneamento básico no âmbito da saúde e da sociedade. Em 1980, a Assembleia Mundial da Saúde declarou oficialmente que o mundo e todos os seus povos estavam livres da varíola, marcando o fim de uma doença que atormentou a humanidade por pelo menos 3 mil anos, custou 300 milhões de vidas apenas no século 20 e envolveu milhares de profissionais de saúde em todo o mundo.

O controle de várias epidemias já vivenciadas, como a febre amarela, a meningite (década de 1970), o sarampo em várias ocorrências, a influenza (H1N1), a febre espanhola (cuja pandemia foi de gravidade semelhante à atual), entre outras, ocorreu por meio da ampla imunização. No caso da poliomielite, enquanto a doença ainda é endêmica em alguns países, felizmente, no Brasil, ela foi erradicada, conforme atesta certificação de 1994.
O Programa Nacional de Imunização (PNI), criado em 1973, atendia, até então, oito doenças imunopreveníveis. Neste século, já somam 20 as vacinas (preparações imunobiológicas) utilizadas para combater diferentes doenças na rotina diária nas Unidades de Saúde Pública brasileiras, aplicadas de acordo com cada faixa etária estabelecida, desde recém-nascidos, crianças, adolescentes, gestante até idosos. Há
ainda casos especiais, como proteção nos acidentes por animais peçonhentos e prevenção à raiva humana (veja a lista completa das vacinas no Box).
Portanto, este programa requer profissionais capacitados para o adequado controle de conservação dos imunobiológicos (o que exige ambientes com temperatura rigorosamente controlada de +2°C a +8°C) até que chegue ao usuário com a qualidade necessária para que o imunizante faça o efeito desejado. O Sistema Único de Saúde (SUS) preza pela manutenção, de forma sistemática, por tais controles e faz uso, em seu programa, da farmacovigilância para acompanhamento de eventuais efeitos colaterais.
Eis que, de uma hora para outra, nos deparamos com uma pandemia causada por uma doença devastadora – a Covid-19 -, que atingiu o mundo todo no ano passado, provocando mais de 2 milhões de mortes, das quais mais de 240 mil ocorreram no Brasil (conforme dados apurados até o fechamento desta edição). No enfrentamento desse grave problema sanitário, a vacina contra a Covid-19 se revelou a forma mais adequada de combater essa doença.
É fato também que o uso dessa vacina tem provocado uma série de discussões quanto à sua eficácia, uma desconfiança pela rapidez com que foi produzida, assim como pelo insumo utilizado, entre outras questões. Vale salientar que nenhuma vacina tem 100% de eficácia e nenhum produto farmacológico está livre de efeitos indesejáveis. Mesmo assim, neste caso, vacinas produzem efeito de imunidade individual e coletivo de modo magnífico e são extremamente seguras.
Além disso, em nossa defesa, contamos apenas com medidas de bloqueio de transmissão, como o uso de máscaras e a iniciativa de evitar aglomerações. Sabemos que muitas vezes essas medidas são difíceis de serem seguidas a longo prazo, inclusive porque tendem a causar um impacto negativo para a economia. Justamente por isso, é possível reconhecer a importância desta vacina. Diferentes estudos científicos,
realizados ao redor do mundo, comprovam a capacidade da vacina de impedir que a forma grave da doença se desenvolva. Consequentemente, há uma diminuição de mortes.
Aqui no Brasil serão disponibilizadas a vacina Coronavac e a AstraZeneca, produzidas em serviços públicos: Instituto Butantã e Instituto Fiocruz. Ambas têm apresentado pouca percentagem em relação aos efeitos colaterais e nenhuma reação adversa grave.
Sabemos que levará algum tempo para que toda a população seja imunizada e, assim, surtir o chamado “efeito rebanho” desejado, isto é a interrupção da circulação do vírus. Por isso; ao tomar a vacina, a pessoa realiza um ato responsável e fraterno, tanto quanto o distanciamento social, o uso adequado de máscara e a higienização.
Com efeito, segundo o papa Francisco, receber a vacina contra Covid-19 é um ato ético.
“Eu acredito que eticamente todo mundo deveria tomar a vacina. É uma opção ética porque você aposta na saúde, na sua vida, mas também na vida dos outros”, ressaltou durante uma entrevista ao canal italiano Mediaset. Embora, como no passado em relação à ocorrência de outras pandemias, ainda haja resistência à vacina, o que, como antes, parece colocar em dúvida a sua validade, essa postura precisa ser superada: a adesão de todos à vacinação é fundamental para a garantia da vida no planeta, hoje e no futuro.
Nesse sentido, dizer sim à vacina ganha um novo significado, pois, por meio dessa atitude, a pessoa tem a possibilidade de proteger quem está ao seu lado, o que é um ato de solidariedade e em favor do bem comum. Esse gesto não só contribui para vencer essa pandemia, como aponta para um novo mundo, pós-pandemia, marcado pelo profundo respeito ao semelhante.

Vacinas disponibilizadas pelo Sistema Único de Saúde
1. Caxumba
2. Coqueluche
3. Difteria
4. Febre amarela
5. Hepatite A
6. Hepatite B
7. HPV
8. Influenza (gripe)
9. Meningite por Haemophilus Influenzae B
10. Meningo C
11. Meningocócica ACWY (Vacina meningocócica conjugada quadrivalente)
12. Pneumocócica
13. Poliomielite
14. Rotavírus
15. Rubéola
16. Sarampo
17. Tétano
18. Tuberculose
19. Varicela
20. Covid-19

Casos especiais:
1. Contra a raiva humana
2. Contra febre tifoide


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